quarta-feira, 17 de abril de 2013

A Relação Escola x Violência

Para analisarmos como ocorre a relação entre escola e violência, temos que buscar entendê-la da forma que ela se insere na sociedade em que vivemos. Todas as situações que acontecem na escola são um reflexo da sociedade que a criou, assim, a maneira como a sociedade encara a violência em seu seio é a mesma que norteia seu enfrentamento dentro da escola. Nossa meio social prega a falsa sensação de sermos um povo ordeiro e pacífico, se pesquisarmos sobre o assunto logo descobrimos o quanto todos somos violentos. Queremos disciplinar tudo, mas tendemos ir naturalmente contra a disciplina.
Desemprego, renda, escolaridade, religião, cor, desestrutura familiar, dentre outros vários fatores são apontados como causas da violência que se instalou em nosso meio. Quando alguém comete inflações é comum que se escutar que será punido com o rigor da lei, caso seja apreendido. Não é difícil ter notícias de casos de abuso de autoridade, de excesso força e até brutalidade, por parte daqueles que deveriam zelar pela justiça e dar exemplos resolvendo os problemas de forma mais pacífica. É normal haver revolta da população contra os policiais, dos policiais contras os criminosos, constituindo um ciclo vicioso.
Definir o conceito de violência não é uma tarefa fácil, porque não encontramos respostas acabadas para traduzi-la, são muitas as variáveis que contribuem ou se relacionam com ela. Começa quando o próprio estado deixa de garantir os direitos que são assegurados aos cidadãos, e negando-os, causa uma violação generalizada que vem desencadear um estado de revolta. Para o povo, sem esperanças, o único caminho é se rebelar contra as imposições de deveres e obrigações sem os direitos defendidos. Quando a sociedade não consegue lidar com um dito “cidadão problema”, ela o exclui, é lhe negado o direito a educação, por exemplo.
Na escola não é diferente, tantas vezes os professores dizem-se sobrecarregados com as pressões do ambiente, jogam a responsabilidade de educar seus alunos apenas para os pais dos mesmos, quando na verdade o dever é da sociedade toda. E mais, angustiam-se ao ver alunos revoltados todos os dias, sem terem a consciência de que eles mesmos (os professores) podem ser causa de violência grave no ambiente de trabalho. Confundem autoridade com autoritarismo, manifestando ação violenta e sentindo a reação na própria pele. Não percebem que, muitas vezes, a falta de disciplina dos alunos é impulsionada pelo que eles recebem e simplesmente devolvem. Sempre há respeito entre as partes quando ele é recíproco, compete ao professor fazer reflexões sobre suas ações. O aluno repete o que aprende fora da escola, e ao trazer para o interior da instituição deve encontrar um ambiente que o ensine o que é tido como correto ou a cadeia se repete, e começamos a presenciar a violência aprendida dentro da escola e que levada para as ruas e atinge a todos.
Fingir que o problema não é nosso não significa que ele esteja resolvido. O que nos torna humanos é a capacidade de pensar, retiramos a mesma e regredimos ao estado biológico dos outros animais, agressivos, inconstantes, e sempre dispostos a guerrear seja por território, por relações ou por reações. É nossa natureza, está intrínseco em nós mesmos, e o professor, sendo autoritário, pode acabar ceifando no aluno a única chance que ele tenha de aprender a conviver forma civilizada.
É próprio da nossa cultura esse estado de guerra, é preciso driblá-la para injetarmos uma nova cultura de paz em nosso ventre e trabalhar com nossos jovens de forma a motivá-lo e não puni-lo. Aprendemos mais quando se estamos motivados, quando deixamos de aprender é porque perdemos o interesse por aquilo que nos é ensinado.
Precisamos educar as crianças para agirem de forma democrática, e conscientizar os adultos a agirem igualmente. Na escola, devemos começar quebrando falsas ideologias de que diretores, coordenadores, professores e funcionários são isentos de práticas violentas. Como enfatizamos uma sociedade violenta continua gerando o mesmo estado. Há violência quando a direção toma o patrimônio público como privado, e pune os funcionários, sendo autoritária e não exercendo uma gestão democrática. O mesmo pode-se dizer do professor que retira do aluno seus sonhos definindo como derrotado, ignorante, incapaz, e tantos outros rótulos. Alunos que convivem em meios assim irão repetir aquilo que aprenderam, e nesses casos, infelizmente temos apenas mais violência repassada de geração para geração.
Não há receita infalível que impeçam o acontecimento de situações que geram agressões, indisciplinas, depredações, e tantas outras formas de violência, o que podemos fazer é trabalhar para que mudemos a rota da educação punitiva para a educação direito e dever de todos. O jeito de educar precisa ser repensado, queremos trabalhar para mudar o que está errado, e não gerar mais erros, isso só será possível quando todos entenderem seus papéis, não de heróis que precisam de vilões, mas de educadores que precisam formar e serem formados constantemente.
O mundo real já é cruel demais para infundirmos nele mais orgulho, preconceito e desamor. A sociedade precisa de um pouco mais de poesia e menos crônicas repitam apenas o cotidiano. Somente assim, quando alguém falar: “- Você não consegue fazer nada contra mim!” Poderemos enfim responder: “- Exato, tudo que fazemos é a seu favor!”


Professor João Batista dos Santos

0 comentários:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Facebook Themes