Para analisarmos
como ocorre a relação entre escola e violência, temos que buscar entendê-la da
forma que ela se insere na sociedade em que vivemos. Todas as situações que
acontecem na escola são um reflexo da sociedade que a criou, assim, a maneira
como a sociedade encara a violência em seu seio é a mesma que norteia seu
enfrentamento dentro da escola. Nossa meio social prega a falsa sensação de
sermos um povo ordeiro e pacífico, se pesquisarmos sobre o assunto logo
descobrimos o quanto todos somos violentos. Queremos disciplinar tudo, mas
tendemos ir naturalmente contra a disciplina.
Desemprego,
renda, escolaridade, religião, cor, desestrutura familiar, dentre outros vários
fatores são apontados como causas da violência que se instalou em nosso meio. Quando
alguém comete inflações é comum que se escutar que será punido com o rigor da
lei, caso seja apreendido. Não é difícil ter notícias de casos de abuso de
autoridade, de excesso força e até brutalidade, por parte daqueles que deveriam
zelar pela justiça e dar exemplos resolvendo os problemas de forma mais
pacífica. É normal haver revolta da população contra os policiais, dos
policiais contras os criminosos, constituindo um ciclo vicioso.
Definir o
conceito de violência não é uma tarefa fácil, porque não encontramos respostas
acabadas para traduzi-la, são muitas as variáveis que contribuem ou se
relacionam com ela. Começa quando o próprio estado deixa de garantir os
direitos que são assegurados aos cidadãos, e negando-os, causa uma violação
generalizada que vem desencadear um estado de revolta. Para o povo, sem
esperanças, o único caminho é se rebelar contra as imposições de deveres e
obrigações sem os direitos defendidos. Quando a sociedade não consegue lidar
com um dito “cidadão problema”, ela o exclui, é lhe negado o direito a
educação, por exemplo.
Na escola não
é diferente, tantas vezes os professores dizem-se sobrecarregados com as
pressões do ambiente, jogam a responsabilidade de educar seus alunos apenas
para os pais dos mesmos, quando na verdade o dever é da sociedade toda. E mais,
angustiam-se ao ver alunos revoltados todos os dias, sem terem a consciência de
que eles mesmos (os professores) podem ser causa de violência grave no ambiente
de trabalho. Confundem autoridade com autoritarismo, manifestando ação violenta
e sentindo a reação na própria pele. Não percebem que, muitas vezes, a falta de
disciplina dos alunos é impulsionada pelo que eles recebem e simplesmente devolvem.
Sempre há respeito entre as partes quando ele é recíproco, compete ao professor
fazer reflexões sobre suas ações. O aluno repete o que aprende fora da escola,
e ao trazer para o interior da instituição deve encontrar um ambiente que o
ensine o que é tido como correto ou a cadeia se repete, e começamos a
presenciar a violência aprendida dentro da escola e que levada para as ruas e
atinge a todos.
Fingir que o
problema não é nosso não significa que ele esteja resolvido. O que nos torna
humanos é a capacidade de pensar, retiramos a mesma e regredimos ao estado
biológico dos outros animais, agressivos, inconstantes, e sempre dispostos a
guerrear seja por território, por relações ou por reações. É nossa natureza,
está intrínseco em nós mesmos, e o professor, sendo autoritário, pode acabar
ceifando no aluno a única chance que ele tenha de aprender a conviver forma
civilizada.
É próprio da
nossa cultura esse estado de guerra, é preciso driblá-la para injetarmos uma
nova cultura de paz em nosso ventre e trabalhar com nossos jovens de forma a
motivá-lo e não puni-lo. Aprendemos mais quando se estamos motivados, quando
deixamos de aprender é porque perdemos o interesse por aquilo que nos é
ensinado.
Precisamos
educar as crianças para agirem de forma democrática, e conscientizar os adultos
a agirem igualmente. Na escola, devemos começar quebrando falsas ideologias de
que diretores, coordenadores, professores e funcionários são isentos de
práticas violentas. Como enfatizamos uma sociedade violenta continua gerando o
mesmo estado. Há violência quando a direção toma o patrimônio público como
privado, e pune os funcionários, sendo autoritária e não exercendo uma gestão
democrática. O mesmo pode-se dizer do professor que retira do aluno seus sonhos
definindo como derrotado, ignorante, incapaz, e tantos outros rótulos. Alunos
que convivem em meios assim irão repetir aquilo que aprenderam, e nesses casos,
infelizmente temos apenas mais violência repassada de geração para geração.
Não há receita
infalível que impeçam o acontecimento de situações que geram agressões, indisciplinas,
depredações, e tantas outras formas de violência, o que podemos fazer é trabalhar
para que mudemos a rota da educação punitiva para a educação direito e dever de
todos. O jeito de educar precisa ser repensado, queremos trabalhar para mudar o
que está errado, e não gerar mais erros, isso só será possível quando todos
entenderem seus papéis, não de heróis que precisam de vilões, mas de educadores
que precisam formar e serem formados constantemente.
O mundo real
já é cruel demais para infundirmos nele mais orgulho, preconceito e desamor. A sociedade
precisa de um pouco mais de poesia e menos crônicas repitam apenas o cotidiano.
Somente assim, quando alguém falar: “- Você não consegue fazer nada contra mim!”
Poderemos enfim responder: “- Exato, tudo que fazemos é a seu favor!”
Professor João Batista dos Santos
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