Pedro Aquino, 9, tem uma agenda atribulada. Além da escola, faz ioga, surfe, ginástica e futebol. Ao chegar a sua casa, faz a lição e... cama!
Sua rotina seria como a de uma criança qualquer, se não fosse o acompanhamento que tem de profissionais como psicopedagogo e fonoaudiólogo.
Pedro tem síndrome de Down, uma alteração genética que ocorre em um a cada 800 nascimentos. A última quinta-feira foi o dia mundial da síndrome. "A criança com Down pode fazer tudo o que qualquer outra faz, só vai levar um tempo diferente", diz a psicóloga Parizete Freire, da Apae (Associação de Pais Amigos dos Excepcionais).
Quem tem Down pode demorar mais para falar, andar e acompanhar as aulas. Por isso, precisa de acompanhamento, espécie de reforço fora da sala de aula. "Mas essas crianças podem e devem participar de toda a rotina escolar."
E atividades extras, como as que Pedro faz, ajudam. Além disso, a convivência entre crianças com e sem Down é boa para os dois lados. A advogada Maria Antônia Goulart, do site Movimento Down, tem uma filha de dois anos com a síndrome. Ela lembra que, quando foi contar ao filho mais velho, ficou feliz com sua reação. "Mãe, tenho uma amiga que tem síndrome de Down, não tem problema", disse ele à mãe.
Marina Gaeta, 13, tinha 8 anos quando percebeu que sua irmã menor tem Down. Carol, à época, estava com cinco anos. "Vi que tinha que cuidar dela de um jeito diferente do que os meus amigos cuidavam dos irmãos. Tinha que ser mais paciente", diz Marina.
"A convivência com quem tem Down ensina as pessoas a serem mais tolerantes com o tempo de cada um, a ver o diferente", diz Ana Claudia Correa, mãe do Pedro.
No filme "Colegas" (classificação indicativa: dez anos), em cartaz nos cinemas, os três atores principais têm síndrome de Down.
Ele tiveram de decorar suas falas e seguir o roteiro, mostrando que podem trabalhar e fazer sucesso.
GOSTO MAIS DE INGLÊS
Depois das atividades na Apae de São Paulo, onde recebe acompanhamento especial, Rafael Silva, 8, (foto acima) já estava cansado para conversar com a "Folhinha", mas não para brincar. Entre uma brincadeira e outra, contou que faz lição na escola, que gosta mais das aulas de inglês e que torce para o Palmeiras.
A mãe, Maria Helena Gomes, é só orgulho: "Quando ele nasceu, eu não sabia o que era síndrome de Down, mas ele é uma criança adorável. Eu amo, amo, amo o Rafael".
COZINHEIRA
Aos 10 anos, Ana Carolina Gaeta tem uma agenda de gente grande: natação, vôlei, fonoaudiologia, fisioterapia, escola, visitas à avó, diversão com a família fazem parte da sua rotina.
Carol também participa das atividades do Chefs Especiais, onde tem aprendido a cozinhar. O que mais gosta de fazer? "Bolos e bolinhos", diz, animada.
DO FUTEBOL AO SURFE
Pedro Aquino, 9, mora no Rio e falou com a "Folhinha" por meio de um aplicativo de vídeo de seu iPad. Flamenguista, contou que adora jogar futebol, que prefere as aulas de matemática e que quer ser cantor.
Felipe Longman, 10, seu melhor amigo da escola, diz que, na hora da brincadeira, não há diferença entre eles. "Ele tem o jeito dele de brincar, mas isso não importa. Todo mundo brinca junto de pega-pega."
Matéria publicada em portal Folha de S. Paulo
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