Gaa wiin daa-aangoshkigaazo ahaw enaabiyaan gaa-inaabid.
Você não pode destruir um sonho sonhado por mim.
Pensamento Chippewa
O
apanhador de sonhos é um tipo de mandala de cura de várias etnias
indígenas tanto da América do Norte quanto da América do Sul sendo que a
sua origem se perdeu em meio as lendas e da oralidade.
O
tempo dos sonhos segundo estes grupos é influenciado por boas ou más
energias. A função do apanhador de sonhos é afastar as energias intrusas
deixando que fiquem presas na teia de aranha do interior do objeto que
deve estar ao alcance dos primeiros raios de sol da manhã porque aí
estas energias serão dissipadas pela força curativa do sol. O aro
externo do apanhador de sonhos representa a roda da vida e a teia de
aranha são os sonhos que tecemos, não somente os que temos quando
estamos em contato com o tempo dos sonhos (dormindo), mas também os
sonhos da nossa alma e do mundo de energia em movimento com o qual
estamos em contato direto no nosso cotidiano.
O centro da teia da aranha é o vacio, o lugar do espírito criador, o grande mistério.
Nunca
devemos esquecer que o apanhador de sonhos não é um objeto decorativo,
eles são instrumentos de poder, são medicinas xamânicas. Dar de presente
um apanhador de sonhos é uma grande honra para quem recebe porque é uma
demonstração de fidelidade, confiança e a força da cura.
Existem vários tipos de tramado da teia de aranha central. Os povos Chippewa utilizam
uma teia muito similar a da aranha, em espiral sendo que o seu sustento
é feito com 8 fios que correspondem a 8 direções sagradas.
Os Cherokee fazem o apanhador de sonhos de forma mais simples, aonde apenas uma pedra no centro da teia e uma única pluma pendurada nele.
Os Kaingang do
sul do Brasil confeccionam usando vários tipos de teias, plumas,
sementes ... e não obedecem nenhuma estética pré-definida apenas seguem o
desenho central com a teia de aranha.
Uma das lendas:
Um velho xamã Sioux (do
sudoeste norte-americano) subiu no topo de uma montanha para ter uma
visão. O grande espírito mágico-Iktohmi apareceu na forma de uma aranha e
se comunicou usando a linguagem sagrada. A aranha (Iktohmi ) tomou das
mãos do xamã um aro que ele trazia e começou a tecer uma teia com as
oferendas que estavam com ele-plumas, crinas de cavalo e sementes.
Enquanto tecia, o espírito falou sobre os ciclos da vida desde o
nascimento até a morte e sobre as forças boas e más que atuam em nós em
cada uma dessas fases. Dizia ele:
Se
escutas as forças boas, elas te guiarão na direção correta e trarão a
harmonia da natureza. Do contrário, levarão a direção errada causando
dor e infortúnio.
Quando parou de tecer, o espírito mágico devolveu ao xamã o aro com uma teia ao centro e disse:
No
centro que está a teia, representa o ciclo da vida. Utiliza para ajudar
o teu povo a alcançar os objetivos fazendo o bom uso dos sonhos, idéias
e visões. Se você crê em algum grande espírito, a teia filtrará teus
sonhos e visões porque eles vem de um lugar chamado espírito do mundo
que ocupa o ar da noite, com os sonhos bons e maus.
Terminou dizendo:
O
apanhador de sonhos deve sempre estar pendurado para que a teia se
mova livremente e consiga apanhar os sonhos que ainda estão no ar. Os
sonhos bons sabem o caminho e deslizam suavemente pelas plumas e
sementes até alcançar quem está dormindo. Os pesadelos ficarão presos no
círculo central da teia até que nasça o sol- momento que estas energias
negativas morrem com a primeira luz do dia.
Obs: Para os Sioux, o apanhador dos sonhos sustenta as linhas do destino.
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