Coletânia compartilhada pelo Prof.º Gonçalo.
"O verdadeiro heroísmo está em
transformar os desejos em realidades, e as idéias em feitos. " (Alfonso
Rodríguez Castelao)
______________________________________________________________
Conheça
algumas personalidades que se destacaram e influenciaram a história Mato grossense...
“Toda cidade tem seus tipos, Cuiabá
também os tem. Uma cidade sem eles, vive cheia de ninguém...” (Letra de: Moisés
Martins)
Tereza de Benguela
Carro
alegórico na Marquês de Sapucaí com a representação de Tereza de Benguela, a
rainha do Quilombo do Piolho ou Quariterê
Tereza
de Benguela foi uma liderança quilombola que viveu no século XVIII. Mulher de
José Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho ou Quariterê, nos arredores de
Vila Bela da Santíssima Trindade, Mato Grosso. Quando seu marido morreu, Tereza
assumiu o comando daquela comunidade quilombola, revelando-se uma líder ainda
mais implacável e obstinada.
Valente
e guerreira ela comandou o Quilombo do Quariterê, este cresceu tanto sob seu
comando que chegou a agregar índios bolivianos e brasileiros. Isso incomodou
muito as autoridades das Coroas, espanhola e portuguesa. A Coroa Portuguesa,
junto à elite local agiu rápido e enviou uma bandeira de alto poder de fogo
para eliminar os quilombolas. Tereza de Benguela foi presa. Não se submetendo a
situação de escravizada, suicidou-se.
ZÉ BOLO FLÔ
Pintura
de Dalva de Barros, 1989
Muitos que viveram em Cuiabá nos anos 60 e 70 conheceram Zé
andarilho, Zé meio louco, Zé poeta, Zé do saco e que ficou imortalizado como Zé
Bolo Flor. De família pobre, morador do Baú, moreno de
cabelos crespos, estatura mediana, tinha o jeitão simples e alegre do povo
humilde de Cuiabá, sem estudo, mas de uma veia poética que produzia prosas e
poesias, e que muitas vezes já nascia com musicalidade, letras que ficaram
perdidas no tempo, sem registro.
Seu “pen-drive”era um saco de estopa que usava para guardar
seus escritos, poesias simples, mas que retratava as pessoas e os momentos
vividos da nossa velha Cuiabá. Não existe uma história sobre sua vida, mas
virou uma figura folclórica e mística pela invenção das estórias populares,
dizem que dezenas de músicas são de sua autoria, creditam a ele, a composição
da letra “A LUA”, muito conhecida por aqui e que foi gravada por Zezé de
Camargo e Luciano.
Nesta foto de Zé Bolo Flor ele carrega um santo pois sempre
aconselhou os cuiabanos a andarem pela cidade com um santo nas mãos para se
protegerem contra prefeitos daqui.
Muito religioso era visto nas festas de Santos na Igreja de
São Benedito, sempre acompanhava as esmolas do Senhor Divino, saía no meio da
bandinha que tocava o hino e os rasqueados cuiabanos. Seguindo a bandeira e a
coroa do Santo de casa em casa, sem tomar parte diretamente, pois era
considerado meio louco e às vezes mal vestido, mas sempre ali, ao seu modo como
presença obrigatória.
Nos anos 70 no seu fim da vida, perambulava pelas ruas do
centro de Cuiabá, vestindo calça amarrada pelos cordões em forma de cinturão,
às vezes vestindo um terno velho doado por alguém, carregando seu saco que
guardava roupas velhas e suas letras poéticas, trazia embaixo dos braços uma
lata para guardar restos de pão seco, ficou louco e foi internado no Hospital
Adauto Botelho vindo a falecer abandonado como indigente.
Maria Taquara
Escultura Rosylene Pinto
Na
década de 40 viveu em Cuiabá uma mulher que apelidaram-na de Maria Taquara,
isto porque ela era muito alta e magra. Vivia de lavar roupas para algumas
famílias. Ela ficou famosa em Cuiabá porque era muito corajosa. Foi a primeira
mulher a usar uma calça comprida.
Tinhosa, sisuda, esperta, suja, maltrapilha, negra, espantosa
e desembaraçada. Qualificativos ou não, estes são alguns dos adjetivos que a
história cuiabana tratou de injetar em Maria Taquara. Foi o biótipo, alta e
magra, que lhe rendeu o apelido de Taquara. Ela residia mais precisamente nos
fundos do 44° Batalhão do Exército. Nesse período, as más línguas contam que
Maria Taquara não rejeitava o carinho dos aspirantes ao Exército. Desta
constatação, ela ficou assim denominada: "de dia Maria Taquara e, de
noite, Maria meu bem".
Não se tem notícia que rumo tomou Maria Taquara, o fato
é que ela ficou muito querida no coração dos cuiabanos.
Escultura de Haroldo Tenuta
Jejé de Oyá
José Jacinto Siqueira de Arruda
Com
o seu jeito desbocado, Jejé de Oyá que, na verdade nasceu José Jacinto Siqueira
de Arruda, ganhou respeito e admiração da capital. Cuiabano por adoção, Jejé
nasceu em Rosário Oeste, mas mudou-se para Cuiabá ainda criança e passou a
morar no bairro da Boa Morte onde vive até hoje por intermédio de uma
tradicional família da cidade. Jejé estudou alfaiataria na Escola Profissional
Salesiana, hoje Colégio São Gonçalo, chegou a pensar em ser padre mas, não
seguiu o sarcedócio.
Com
o seu jeito desbocado, Jejé de Oyá que, na verdade nasceu José Jacinto Siqueira
de Arruda, ganhou respeito e admiração da capital. Cuiabano por adoção, Jejé
nasceu em Rosário Oeste, mas mudou-se para Cuiabá ainda criança e passou a
morar no bairro da Boa Morte onde vive até hoje por intermédio de uma
tradicional família da cidade. Jejé estudou alfaiataria na Escola Profissional
Salesiana, hoje Colégio São Gonçalo, chegou a pensar em ser padre mas, não
seguiu o sarcedócio.
Negro,
pobre e homossexual, Jejé freqüentou os grandes bailes nos clubes populares da
capital, num deles chegou a ser discriminado por causa da sua cor, já que na
época, ser negro significava ter um "espaço" limitado na sociedade.
Decidiu então a escrever sobre o que via e o que ouvia nas festas. Foi assim
que nasceu o colunista Jejé, dono de um estilo áspero e desbocado. Com seu
jeito irreverente de vestir, Jejé de Oyá conquistou seu espaço e se tornou
figura referencial em Cuiabá. Sua presença é indispensável nos bailes de gala,
nas madrugadas e onde quer que haja alegria.
Mãe Bonifácia
Negra,
parteira e curandeira. Estes era alguns dos atributos dados à Mãe Bonifácia. A
velha senhora residia em uma mata densa localizada as margens de um córrego
situado nas proximidades da estrada que dava acesso as Vilas de Nossa
Senhora da Guia, Brotas e Diamantino. A mata era um reduto de escravos
foragidos que Mãe Bonifácia acolhia, zelava e dava conforto num momento de
desalento. Muito requisitada pelas suas práticas de curandeirismo, Mãe
Bonifácia continuou a morar no local, mesmo após a abolição da escravatura até
sua morte. Em dezembro de 2000, o antigo refúgio de Mãe Bonifácia virou um
Parque, que levou seu nome em sua homenagem.
Doninha do Caeté
Doninha do Tanque Novo e o marido José Odário
Nunes posam para fotografia com os devotos de Maria da Verdade, no início dos
anos 30
Foi
nesta região, precisamente em uma localidade denominada de Tanque Novo, onde
residiu a família Lacerda e Cintra que, com inúmeros filhos, vivia modestamente
da agricultura e da criação de animais, porem sem miséria. A nona filha do
casal, chamada de Laurinda Lacerda Cintra, mais
conhecida como Doninha, em 1931, aos 22 anos de idade, mãe de 2 filhos e
grávida de um terceiro, começou a Ter visões de uma Santa, inicialmente chamada
de "Maria Da Verdade" e, que posteriormente passou a se chamar "Jesus
Maria José". A partir dessas aparições, Doninha passou a ser solicitada,
uma vez que a Santa, não só lhe aconselhava sobre doenças mas também fazia
algumas previsões sobre o futuro.
Após
uma série de curas, as quais originaram romaria, a região de Tanque Novo tomou
outra paisagem, de um arraial pacato, transformou-se numa pequena vila,
relativamente populosa, pois muitos que procuravam Doninha, passaram a residir
ali. Devido a sua grande influencia com o povo, em um período de grandes
conflitos políticos houve se muitos boatos que incriminavam Doninha e entre ataques e fugas ela foi
presa. O julgamento de Doninha foi objeto de polêmica, pois seu advogado,
considerava que o crime era de natureza política, devendo por isso ser julgado
pela Justiça Federal. O juiz estadual, no entanto classificou a ocorrência como
crime comum, devendo o processo ser julgado em Cuiabá.
Doninha
aguardou o resultado do julgamento presa, o que ocorreu em agosto de 1934,
tendo sido libertada todos os outros indiciados. Ao final, ela foi considerada
inocente, porém isso só veio acontecer, depois que as novas eleições foram
realizadas e a vitória do Partido da Aliança Liberal ficou garantida, inclusive
no município de Poconé.
Quando o inventário do pai de Doninha foi aberto, coube a ela como herança, uma parte de Tanque Novo, lugar afastado o qual batizou de Caeté. Ali Doninha continuou recebendo pessoas que a procuravam, porém, sentia-se ameaçada e discriminada. Assim ela e a família mudaram-se para Cáceres, local em que permaneceu por pouco tempo, tendo retornado para Caeté onde fixou residência e continuou suas atividades até a sua morte natural ocorrida em 1974.
Quando o inventário do pai de Doninha foi aberto, coube a ela como herança, uma parte de Tanque Novo, lugar afastado o qual batizou de Caeté. Ali Doninha continuou recebendo pessoas que a procuravam, porém, sentia-se ameaçada e discriminada. Assim ela e a família mudaram-se para Cáceres, local em que permaneceu por pouco tempo, tendo retornado para Caeté onde fixou residência e continuou suas atividades até a sua morte natural ocorrida em 1974.
Antonio Peteté
Antonio
Espírito Santo
Entre as décadas de 60 e 70, um homem teve um jeito
peculiar de demarcar seu território no centro de Cuiabá. Num tempo que ainda
não se falava das Ilhas de calor, Antonio Espírito Santo, mais conhecido como
Antonio Peteté, caminhava pelas ruas com seu abanico na mão.
Guardo nas minhas lembranças a sua
imagem na prainha, na rua de baixo, rua do meio e na 13 de Junho sentado nas
portas das lojas. Naquela época a prainha era um córrego aberto e Peteté fazia
dela a sua passarela.
Mesmo
manco, andava de um lado pra outro sem perder a pose. Ostentava sua habilidade
em movimentar com rapidez seu charmoso
leque. Antônio, como Zé Bolo Flor, também era devoto fervoroso nas
procissões. Nesses momentos os acessórios eram outros. Entravam em cena, o
terço e o livro de catecismo. A sua fé resistia em íntima comunhão com sua
condição de homem negro, pobre e andarilho. Dizia que não gostava dos alunos de uma determinada
escola da capital, porque não eram educados, mas gostava dos alunos de um outro
colégio da cidade.
“Só dosto de menino do tolégio dos padres”,
proclamava em alto som em sua língua presa.
Antônio Peteté - Letra de: Moisés Martins.
Manquetolava e
dizia:
“só dosto de menino do Tolégio”
“só dosto de menino do Tolégio”
Antonio Peteté, Peteté, Peteté,
Peteté.
Qual Chapa e cruz que consegue não lembrar.
Da vida boa da velha Cuiabá,
Que nem o tempo consegue apagá.
Qual Chapa e cruz que consegue não lembrar.
Da vida boa da velha Cuiabá,
Que nem o tempo consegue apagá.
Qué sabê o
que tenho pro cês;
Senta aqui arrodeia três vez.
Senta aqui arrodeia três vez.
Além dos heróis e heroínas citados
anteriormente, existiram também:
●Tufica : Costumava contar
histórias as crianças que dirigiam-se ao cine teatro Cuiabá, onde era sempre
encontrado, estendendo o seu chapéu objetivando pequenas contribuições
financeiras.
● Michidinha :
fanático torcedor do Dom Bosco que ia aos jogos com as cores do clube, detalhes
azul e branco no vestuário e costumava requebrar ao escutar o seu apelido.
● Juvenal
Capador: figura popular que
quando chamado pelo apelido, se irritava e ameaçava as pessoas.
● Plínio
Rait: simpático garçom
que trajava-se impecavelmente e costumava cumprimentar as pessoas com a
expressão “ o rait “ .
●João
Cuíca :
ator principal das peças dirigidas pelo Pe.
Pombo no colégio dos padres ( São Gonçalo ) e durante a sua vida sempre
festejou o seu tradicional “ São João de João Cuíca “.
● Maria perna grossa: famosa cartomante e
benzedeira que tinha esse apelido por sofrer de elefantíase.
● Chico
Alicate:
Lunático que criou uma mulher fantasia em seu consciente
de nome “Lourdes “ e costumava se deslocar para qualquer
ponto da cidade quando
recebia informações de que “Lourdes ” encontrava-se em
determinado local.
● Guaporé : figura popular de
pequena estatura que era sempre encontrado
sentado à porta da antiga agência do banco do Brasil com
um cigarro a boca (palheiro),
era guarda noturno do antigo hotel Pércora e costumava informar
as moças sobre os
aviadores
viajantes que chegava a cidade.
HEROÍS DA ATUALIDADE NA ARTE
MATOGROSSENSE
LIU ARRUDA
Liu Arruda é na verdade Elonil de
Arruda, jornalista, comediante e músico.
Cuiabano, nasceu em 30 de maio de
1957, filho de Nilson Arruda e Tanita Marques de Pinho Arruda.Herdou da mãe o interesse pelo teatro e desde a década de 80
é o mais popular ator do Estado.
A primeira apresentação aconteceu em 1968, no Colégio São Gonçalo. A partir daí mostrou que teatro não seria apenas uma brincadeira.
A primeira apresentação aconteceu em 1968, no Colégio São Gonçalo. A partir daí mostrou que teatro não seria apenas uma brincadeira.
O artista também trabalhou por 10 anos como professor no
colégio Pernalonga, em Cuiabá, dando aulas de Educação Artística, Teatro e
Redação. Foi ainda repórter da TV Centro América, filiada da Rede Globo na
capital mato-grossense, por um curto período.
Liu Arruda era sistemático
e extremamente profissional em todos os seus trabalhos. Como sofria de insônia,
grande parte de seus projetos eram elaborados durante a madrugada.
O ator fez muito sucesso quando foi garoto propaganda do
antigo supermercado Trento Junior. Liu também participou das novelas O Campeão,
da TV Bandeirantes e A Lenda, da extinta TV Manchete. Também fez uma breve
participação na novela da TV Globo, Suave Veneno.
O humor de Liu valorizava o linguajar
cuiabano, que era expresso numa mistura de irreverência com pureza, mas sem
traço de vulgaridade,um de seus maiores sucessos foi a personagem “Comadre Nhara”. Liu Arruda morreu
no dia 24 de outubro de 1999, com 42 anos.
NICO E LAU
Nico e Lau foram criados em 1995 pelos atores Lioniê Vitório e J. Astrevo após mais de uma
década de carreira artística atuando em teatro.
Lioniê Vitório (Nico) 39 anos, mato-grossense de Santo Antônio
de Leverger. Formado em Artes
pela Unic e Pós–Graduado em
Patrimônio Cultural. Foi Secretário de Cultura, Vereador, Vice Prefeito e
Prefeito interino do seu município. Como ator começou em 1986 no Grupo Ânima de Teatro na antiga
Escola Técnica, hoje IFE-MT.
Justino Astrevo de Aguiar (Lau) 44 anos, cuiabano. Formado em Letras pela UFMT, Pós
Graduado em Planejamento e Gestão Cultural pela Unic. Autor, Diretor e
Ator, foi Secretário de Cultura de Cuiabá e Professor Universitário. Começou
sua carreira artística em 1980 quando fundou a Cia Folhas Produções.
Em 1989
Vitório recebeu convite do diretor J. Astrevo para participar do espetáculo ÚLTIMO BAILE DE VERÃO de
sua autoria. A parceria deu certa e desde então Lioniê e Astrevo passaram a atuar
juntos em diversos espetáculos teatrais.
Referências Bibliográficas
3 comentários:
Engraçado Antonio Petété é famoso, mas existem pessoas que fizeram historia em Cuiabá e não são citados em nenhum site ou mesmo museus, como Dona Francisca com seus quitutes e seu Maneco do Bar Bandeirantes no Porto, precisamente na Rua 15 de Novembro em frente ao cine são Luiz e ao lado da Dona Arinda que Também Tocava seu piano maravilhosamente.
Mais engraçado é ver sempre reclamações... Mas ir atrás e criar suas próprias informações... ninguém cria =/
Sou cuiabano de tchapa e tcruz e tenho 58 anos, parabéns João Batista, pelas lembranças de pessoas que fizeram parte de nossa infância, adolescência e mocidade. Eu me também de Zé Vieira, mentiroso igual Tuffica e que também vivia ali pelo centro, e Cobra Fumana, General Saco, Macaco e Pau oco e Shá Onça lá do Dom Aquino, para completar essa sua galeria, que você foi muito feliz e elaborar.
Postar um comentário